
Não, eu nunca fui a líder de torcida, nem a mais cobiçada do colégio.
Nem era a rebelde sem causa que tocava fogo nas latas de lixo, ou que fazia um arco-íris no cabelo pra demontrar singularidade. E nunca se quer pintei meu cabelo.
Sempre confiei na minha capacidade intelectual, por isso, nunca puxei saco de professores e preferia sentar no funda da sala, porque lá, ficava mais perto do Sol, e das árvores, da rua e longe das hipocrisias.
Sempre fui de discutir e de argumentar, mas não era presidente do grêmio e muito menos a aspirante á Marina Silva. Era mais do tipo que dava a introdução, desenvolvimento e conclusão nos trabalhos apresentados. E era sempre eu quem pedia e argumentava aos superiores, sempre tive dom pra lidar com pessoas.
Nunca me envolvi em brigas ou escândalos, e era bem odiada sim. Mais pela minha indiferença.
Todo mundo sempre soube quem eu era, mas nunca me importei.
Sempre fui mais daquele tipo que faz o que quer, e sempre andei com quem eu queria. Preferia ficar com pessoas que me acrescentavam, e mesmo que não me acrescentassem ao menos sempre fiquei com as pessoas pelos que elas eram e não pelo que elas pareceriam.
Fumava meus cigarros na porta da escola com os inspetores e sempre que queria alguma coisa, conseguia porque sempre soube argumentar. Sempre fui de tomar uma cerveja e bater papo de menino com as meninas, e papo de menina com os meninos. Sempre ria quando tinha vontade.
Nunca fiquei com o mais bonito da escola, e detestava aqueles que exibiam status. Aliás, detestava os "urubus" do status.
Sempre fui daquele pensamento em que, as pessoas deve aparecer pelo seu brilho próprio, e não pela sombra dos outros.
Sempre fui fiel com as amizades. Mais até do que deveria, porque não se deve esperar nada de nada que seja da raça humana. Não posso esperar nada nem de mim mesma.
Porque até eu mesma me decepciono. Tenho medo de falhar, e me contentar com as tardes pequenas de domingo.
Sempre quiz mudar o mundo. Desde pequena. E o ser humano sempre me fascinou pela sua capacidade natural de atuação e adaptação.
Atuamos pra viver e vivemos pra nos adaptar. É natural. É mágico.
Sempre tive fé. Não sei porque, mas sempre carreguei isso comigo. Sempre acreditei que as pessoas podem mudar, que o mundo pode mudar e peço todas as manhãs que eu seja mais capaz de perdoar e ajudar.
Mesmo sabendo que só encontraremos oque procuramos quando aprendermos a amar. E afinal de contas, é isso que todo pensante procura, amor.
O amor, é a lingua que eu falo, e que eu escuto.
Acredito em espíritos, e no sobrenatural. E acredito que os animais tem uma linguagem própria e pura entre eles; acredito que eles falem a língua do amor.
Mas é como se eu falasse amor em francês, e eles em alemão. Um dia, ainda quero aprender alemão. E quando aprender a lingua pura deles, estarei morta e purificada .
Tenho medo de morrer, porque amo muito viver .
Sou como a maioria das meninas que sonham em encontrar um grande amor; mas eu sonho diferente. Meu sonho é chegar em um estado de leveza, em que seja capaz de tocar o céu. Meu sonho é contar todas as estrelas, sem pressa, pra aproveitar e ter bastante tempo enquanto conto.
Gosto de sentir a brisa gelada, que bate na minha janela vinda do mar. Sei que ela vem do mar, porque ela vem cheia de hitórias, que entram na minha cabeça. Cabeça com os cabelos enrolados, e idéias também.
Quero ter uma casinha, na praia, porque o mar me conta narrativas poéticas, que se transformam em auto críticas e devaneios; que se desfalecem em espirais, e espumam com as ondas que vai e vem . Assim, como o meu espirito, que passeia pelas madrugadas. Enquanto todos dorme, eu sonho e levanto vôo. Bem alto , porque eu gosto de chegar perto de Deus.
E quando isso acontece, as lágrimas escorrem
Sou como mais uma que leva a vida com a barriga, os sonhos na cabeça e o coração no céu e o espírito na Etiópia esperando mais uma vez que a Babilônia caia, e os justos permaneçam.