"(...) E o futuro não é mais como era antigamente (...) " - Índios, Legião Urbana.
Ouvia muito essa frase quando era pequena e costumava parar para pensar no meu futuro.
Nossos pais tinham como perspectiva de futuro casamento, filhos, uma casa confortável, realização profissional; tudo muito normal para qualquer ser humano capitalista- estabilidade financeira, vida feliz e velhice confortável.
Hoje em dia, o futuro não é mais como deveria ser. Definitivamente. Nossa concepção de futuro, é incerta e duvidosa. Enquanto o Brasil está economicamente empolgado com a descoberta do pré-sal, que só terá sua exploração realmete lucrativa daqui a uns 15 anos, ambientalistas mais radicais arriscam que se não pararmos de consumir desenfreadamente, o planeta só se sustentará por mais 40 ou 50 anos. Isso é um futuro nada promissor e ao mesmo tempo estimulante. Em que acreditar ?
Diziamos que o futuro está realmente nas crianças. E oque são nossas crianças hoje ? Na cidade, nossas crianças usam drogas. Drogas digitais ; o computador, que foi literalmente criado para resolver problemas que não tínhamos. O craque, que ja invadiu-nos e é algo alarmante. O Estado não está preparado para lutar contra ele, e nem as famílias ( até porque os consumidores de craque, crinaças e adolocentes, são em sua maioria abandonados ). O craque é uma droga que anuncia o fim. Por incrível que possa parecer, ao contrário de outras drogas, ele anuncia o final, sem nenhuma chance ou saída. E as tais crianças, que deviam ser a imagem do futuro, vagam como corpos sem alma, como mensageiros mostrando simplesmente o fim.
Fora as crianças do campo e das favelas; sem assistência, e sem oportunidades , sem missão. Ou aquelas que sofrem atrocidades, indefesas . Pedofilia, tragédias não chocam mais nos jornais, viram só mais uma noticia. Desconsiderando as que perdem a inocencia cada vez mais cedo. Ou seja, nosso 'futuro' já não é mais uma esperança.
Desastres naturais se tornando cada vez mais comuns; mortes cada vez mais comuns; epdemias que se espalham pelo globo com a velocidade da internet. Tantas tecnologias gastas em estética, gastas para saciar a curiosidade se estamos ou não sós no universo, e a cura da AIDS e do câncer que ainda não foram descobertas.
Certamente, o futuro é algo que me inibe, incerto. O medo de falhar , as doenças da burguesia, a vida se tornando cada vez mais banal, o sexo se tornando cada vez mais banal. A pretenção familiar cada vez mais dispensável, dando lugar a 'estabilidade financeira'. Minha vó dizia que chegaria um tempo, em que teriamos dinheiro, mas não teriamos com que gastar, porque tudo haveria acabado. Talvez seja surreal, mas não deixa de ser uma tese.
E o amor ?! O amor nem se fala mais! É simplesmente figuração, coitado do amor. O individualismo é pregado e impregnado em nós, como se desde que nascemos, estivessemos sendo preparados para uma guerra, o que não nos deixa de ser uma verdade.
O meu medo para o futuro, é que nessa guerra, não haja vencedor.